Futebol Ao Vivo

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Década perdida: entre duas quedas, Verdão repete erros e perde terreno



Uma década perdida. Entre 2002 e 2012, o torcedor do Palmeiras sofreu com administrações ruins e alguns poucos bons times que não deram frutos dentro de campo, comemorou apenas três títulos e termina o período chorando o segundo rebaixamento da história do clube.
Nestes dez anos, pouco se aprendeu, muito se errou – principalmente naquilo que era responsabilidade da diretoria. Nem o título da Copa do Brasil apaga o período de estagnação pelo qual vive o Verdão. Enquanto isso, os rivais ficam cada vez mais fortes.
No placar de títulos, o clube mais vitorioso do século passado perde para Corinthians, Santos e São Paulo. Apenas duas conquistas relevantes: o Campeonato Paulista em 2008 e a Copa do Brasil nesta temporada, título que o Palmeiras nem teve tempo de comemorar. A Série B de 2003 também é uma conquista, mas que o torcedor alviverde gostaria de esquecer. Agora, porém, o time vai buscar o bicampeonato para se reerguer mais uma vez.
Dois números ajudam a entender a década de escassez palmeirense: dois títulos de elite e 21 trocas de técnico em dez temporadas mostram que a direção nunca teve tanta convicção em relação a um nome que poderia levar o clube de volta às glórias. Quando manteve Luiz Felipe Scolari por dois anos, o resultado veio com a Copa do Brasil. Mas foi pouco para um técnico campeão do mundo com a seleção brasileira.
Em 2002, a sensação era de que a degola serviria para arrumar a casa, talvez até acabar com a hegemonia do ex-presidente Mustafá Contursi no poder. Ledo engano. Com a desculpa de “consertar o que havia feito”, Mustafá continuou no comando por mais dois anos, viu uma safra de garotos levantar o time na Série B, mas logo se desfez da turma e fez o Palmeiras sofrer com jogadores que, em outros momentos, jamais vestiriam a camisa alviverde.
Desde aquela safra de Vagner Love, Diego Souza e Edmílson, o Palmeiras praticamente não revelou jovens valores. A esperança surge com João Denoni, Patrick Vieira, Bruno Dybal, entre outros. É a esperança de dias melhores, de um clube autossustentável e que utiliza bem os diamantes produzidos em casa. Antes de se consolidar, muita coisa precisa mudar. Em dez anos, diferentes erros fizeram o clube parar no tempo.
Garotos surgem, mas vão embora
Em 2003, ano seguinte ao rebaixamento, o Verdão viveu vexames no Paulista, eliminado com facilidade pelo Corinthians, e na Copa do Brasil, quando sofreu goleada por 7 a 2 para o Vitória, dentro do Palestra Itália. A solução do técnico Jair Picerni foi caseira: a base foi responsável por boa parte do time da Série B. Marcos no gol, Alceu no meio-campo, Diego Souza, Love e Edmílson no ataque.
A base fez o Palmeiras subir com sobras, mas em 2004 o time foi desfeito. Vagner Love, principal nome, foi vendido ao CSKA, da Rússia, com a justificativa de que o clube precisava de recursos para montar um time forte, algo que não ocorreu. Ao menos, Mustafá deixou o comando com o clube na divisão de elite, e com uma vaga na Taça Libertadores do ano seguinte.
– Eu caí com o time, mas depois o coloquei de volta no seu lugar. Fico muito triste pelo que ocorreu desde então. Hoje, o clube se tornou uma bagunça administrativa – reclamou Mustafá Contursi.
No início de 2005, Affonso Della Monica assumiu a presidência, mas Mustafá nunca deixou de ter influência nos bastidores alviverdes. O atual mandatário, Arnaldo Tirone, só foi eleito graças ao apoio dele.
O embrião da nova casa
Dentro de campo, o Palmeiras sofreu com eliminações na Libertadores e na Copa do Brasil entre 2005 e 2007. Jogadores de nível duvidoso reforçaram o time nesse período, sob a justificativa de reduzir os gastos. As dívidas, no entanto, só aumentaram: hoje, passam dos R$ 240 milhões.
Por causa disso, Della Monica fechou parceria com a Traffic, empresa de marketing esportivo, para a temporada 2008. O casamento levou jogadores mais conceituados ao Palmeiras. Na época, o pacote de reforços teve nomes como Diego Souza e Henrique, que faz parte do elenco atual. Um ano depois, também chegariam Cleiton Xavier e Keirrison.
A parceria só deu um título ao Palmeiras, o Paulista de 2008. Começou a estremecer quando o técnico Vanderlei Luxemburgo implicou com a Traffic, que fez dinheiro com as vendas dos jogadores, mas rendeu muito pouco ao clube. Luxa acabou demitido, é verdade, mas a relação não seria mais a mesma até a separação total entre as partes, já no fim de 2010. Gilberto Cipullo, homem forte do futebol na época, sustenta que a Traffic era a única alternativa para o Verdão no momento.
– Sem a Traffic, não teríamos conseguido reforços daquele nível. Temos de admitir que nossa situação financeira era caótica, por isso precisávamos de uma solução. Conquistamos um título e uma vaga na Libertadores, então não pode ter sido tão ruim assim como falam – disse o ex-dirigente e ainda conselheiro do clube.
Ao menos, a administração de Della Monica deixou um legado: a aprovação do projeto da nova Arena Palestra, que só sairia do papel em 2010.

do (globoesporte.com)



Nenhum comentário:

Postar um comentário